Roteiro de estudo - Unidade 7

Nessa unidade você irá estudar:

• A Semana de Arte Moderna

• A Primeira Geração Modernista Brasileira

• Obra "Macunaíma", de Mário de Andrade 

• Concordância Nominal

 

Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu no Teatro Municipal, em São Paulo, no ano de 1922, nos dias 11 a 18 de fevereiro.

Apesar de ser chamada "semana", o evento ocorreu em três dias. Cada dia trabalhou um aspecto cultural: pintura e escultura, poesia, literatura e música. A semana é considerada uma das manifestações artísticas mais importantes da história do Brasil.

A Semana de Arte Moderna representou uma verdadeira renovação da linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora da ruptura com o passado. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da sociedade, apresentando novas ideias e conceitos artísticos, abandonando velhos valores estéticos, adotando um novo estilo que valorizasse o que era nacional, como por exemplo, a poesia através da declamação, que antes era só escrita; a música por meio de concertos, que antes só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas; e a arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura, com desenhos arrojados e modernos. O adjetivo "novo" passou a ser marcado em todas estas manifestações que propunha algo no mínimo curioso e de interesse.

Participaram da Semana nomes consagrados do modernismo brasileiro, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Víctor Brecheret, Plíno Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Guilherme De Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villas-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti entre outros, e como um dos organizadores o intelectual Rubens Borba de Moraes que, entretanto, por estar doente, dela não participou. Na ocasião da Semana de Arte Moderna, Tarsila do Amaral, considerada um dos grandes pilares do modernismo brasileiro, estava em Paris e, por esse motivo, não participou do evento.

A Semana de Arte Moderna ocorreu em uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. Alvo de críticas, a Semana não foi bem entendida e nem aceita pelas pessoas da elite paulista, que eram muito conservadoras e viviam totalmente influenciadas pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais.

Embora tenha sido alvo de muitas críticas e vaias, a Semana só foi adquirir sua real importância ao inserir suas ideias ao longo do tempo. O movimento modernista continuou a expandir-se por divulgações através da Revista Antropofágica e da Revista Klaxon, e também pelos seguintes movimentos: Movimento Pau-Brasil, Grupo da Anta, Verde-Amarelismo e pelo Movimento Antropofágico. 

  • Para saber mais informações sobre a Semana de Arte Moderna, assista ao vídeo a seguir.
Modernismo no Brasil
O Modernismo - movimento literário e artístico que se inicia no Brasil a partir da Semana de Arte Moderna e se estende até os nossos dias - é rico em manifestos e propõe uma ruptura radical com os estilos já estudados.
A literautura moderna, escrita em prosa e verso, buscou no cotidiano do brasileiro os temas nos quais os escritores se inspiravam para escrever. Por isso, a proposta desse período é falar do homem comum, de seus interesses, suas perdas, seus amores, seus encontros e desencontros, isto é, falar dos sentimentos que norteiam a vida do homem.
O Modernismo brasileiro foi dividido em três gerações:
- 1ª geração: 1922 a 1930
- 2ª geração: 1930 a 1945
- 3ª geração: 1945 até nossos dias
 
A Primeira Geração Modernista Brasileira
Tendo como pano de fundo o irracionalismo, isto é, a negação do racionalismo burguês, a primeira geração do nosso Modernismo inicia-se em 1922, com a Semana de Arte Moderna, e se prolonga até 1930.
A geração de 22 - heroica, guerreira, combativa - tem como objetivo principal a destruição de todo academicismo e aquele proveniente da tradição literária importada da Europa e representada sobretudo pelos modelos românticos, realistas e parnasianos.
Essa geração caracteriza pela necessidade de romper velhas fórmulas, de chocar o público e divulgar novas ideias. É conhecida como fase heroica ou de destuição.
Entre os autores mais importantes dessa geração estão:
- Mário de Andrade;
- Oswald de Andrade;
- Manuel Bandeira.
 
O Movimento de Antropofagia
O Movimento de Antropofagia conta com um grupo que se agrega a Oswald de Andrade e a Tarsila do Amaral, autora de um quadro inspirador das ideias antropofágicas, o Abaporu (aba = homem; poru = que come). Aquela figura monstruosa, com os pés enormes plantados no chão brasileiro, onde há um cacto, sugeriu a Oswald de Andrade a ideia da terra, do homem nativo, selvagem, antropófago. Oswald denominou de relação antropofágica de deglutição, devoração crítica de sua influências de modo a recriá-las, tendo em vista a redescoberta do Brasil, em sua autenticidade primitiva.
Veja abaixo o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral
 
Agora, você lerá um fragmento da obra "Macunaíma", de Mario de Andrade, autor que faz parte da Primeira Geração Modernista Brasileira. 
Macunaíma
"No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava: Ai, ai! Que preguiça!... e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau da paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos gozados por causa dos guaimuns* diz que habitando a água doce por lá. No mucambo si alguma cunhatã* se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo."
  • Vocabulário:

- guaimum: caranguejo

- cunhatã: mulher adolescente

 

Comentário sobre  a obra "Macunaíma"
Macunaíma, esse anti-herói da literatura brasileira, foi criado a partir de uma pesquisa do autor sobre as lendas amazônicas. Significa literalmente "O grande mau", Macunaíma é um deus indígena, que na verdade reúne em si o bem e o mal. É individualista, faz o que deseja e o que gosta sem preocupações sociais. É vaidoso, necessita de espectadores e fica satisfeito quando faz o discurso no Ipiranga “muito ganjento” mesmo. Sente vontade de chorar, mas não vale a pena, pois está sozinho e não há assistentes. Fisicamente, tem a cabeça rombuda e cara infantil “carinha enjoativa de piá” e, em pequeno, mostra o defeito dos subnutridos, nos quais a ossificação é imperfeita, pois tem as “perninhas em arco”. Mente com a maior naturalidade, vive deitado na rede “fumando fava de paricá”, para espantar os mosquitos e ter sonhos alegre e gostosos. Pensa em encontrar uma panela com dinheiro enterrado.
O "herói sem nenhum caráter" do Macunaíma, de Mário de Andrade, é uma síntese de raças e culturas distintas e representa simultaneamente o povo brasileiro e o homem latino-americano. Caracteriza-se assim pela diversidade, colhida da mescla de lendas e tradições das mais variadas regiões do país: sincero e mentiroso, malandro e otário, católico e espírita, também frequenta a macumba e vive pensando em encontrar uma panela com dinheiro enterrado. Índio, branco e negro, possui o dom da magia e grande sensualidade, ambas ligadas à preguiça.
 
Veja abaixo imagens de Macunaíma, representado pelo saudoso ator Grande Otelo.
                   
  • Para saber mais sobre Macunaíma, assista ao vídeo a seguir.

 

 

 

 

 

 

Atividades

 

► Aluno(a), para realizar as atividades, você deverá ler todo o conteúdo do roteiro e assistir aos vídeos. Em seu caderno, copie as perguntas e responda-as. A seguir, leve-as até à sala de Português para que seja feita a correção pelo professor.
 
1) Resuma com suas próprias palavras o que entendeu sobre a Semana de Arte Moderna.
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2) De que fala a Primeira Geração Modernista brasileira?
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3) Quais os representantes da Primeira Geração?
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4) Você leu o fragmento da obra “Macunaíma” e viu que o personagem dessa história apesar de representar o anti-herói, não era considerado um vilão, pois além de apresentar alguns defeitos também possuía qualidades que consideramos como sendo boas e corretas. Retire do texto algumas características de Macunaíma que são vistas como qualidades.
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5) De acordo com o que você estudou sobre o Movimento de Antropofagia, responda: o que Oswald de Andrade denominou de relação antropofágica?
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6) Observe as duas placas abaixo e explique o porquê do adjetivo "proibido" em uma placa variar (mudar) e em outra não, conforme as regras de Concordância Nominal.
                                  
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7) Considerando as regras de Concordância Nominal que você estudou, complete as frases usando a palavra correta entre parênteses.
a) Elas _____________________ resolveram todas as questões.  (mesmos / mesmas)
b) Várias fotos vão ___________________ ao processo.  (anexo / anexas)
c) É ____________________ a entrada de veículos neste lugar.  (proibida / proibido)
d) Ela convidou ______________________ crianças para a festa.  (bastante / bastantes)
e) A loja está com _________________ mercadoria hoje.  (menos / menas)
f) A vendedora está ________________ preocupada com as metas.  (meio / meia)
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Atenção, alunos! 

Você também pode responder as atividades por aqui! Envie as respostas e verifique seu e-mail para liberação das provas!